Maukie - the virtual cat

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Festival Parque de Teatro


Oportunidade imperdível de prestigiar os espetáculos do Grupo Parque de Teatro e o maravilhoso ator e diretor Silvero Pereira.

Sempre Erasmo


Quem tiver a oportunidade de ouvir o cd "Erasmo Carlos – Rock n' Roll (2009)" faça!!! É um trabalho maravilhoso e super atual deste grande artista da música nacional.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mixórdia - Mistura Desordenada de Fragmentos


Data: 28 de novembro Horário: 17h Entrada: Gratuita Censura: 16 anos
Local: Centro Cultural Bom Jardim, localizado na Rua Três Corações, 400,
próximo ao ABC, Bairro Bom Jardim
Contato: (85) 3488 8600 - ccbj@ccbj.org.br

Foto: Lili Rodrigues.

domingo, 21 de novembro de 2010

Flores e Versos

Não mande flores nem versos pra mim.
Suas flores não perfumam mais.
Seus versos não convencem mais.
Elas estavam por toda a parte
e mesmo descritas por você,
nunca as percebeu.
Agora, apenas tons pastéis te cercam.
Mas meu tinteiro é multicor
e é com ele que vou escrever
o roteiro da minha vida daqui pra frente.
Fique você com suas
flores murchas e páginas rasgadas.

Emis Bastos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Coisas" de Saramago


O conto "Coisas", o mais longo do livro, é uma espécie de chave para o conjunto da obra. É uma história de ficção científica. Passa-se numa sociedade futurista, dividida em castas. O que diferencia uma casta da outra é seu poder de consumo, determinado por letras que as pessoas trazem tatuadas na palma da mão. Os objetos são fabricados por um processo que lembra mais a reprodução orgânica do que a manufatura e, de fato, são dotados de personalidades e psicologia próprias. Esses objetos vão ficando cada vez mais temperamentais e, um dia, revoltam-se contra as pessoas. Começam a desaparecer misteriosamente. A princípio, são pequenos desaparecimentos, os donos não têm certeza, talvez tenham-nos apenas perdido. Mas os sumiços vão ficando progressivamente mais acintosos, passam a acontecer diante dos olhos de seus proprietários e em escala cada vez maior, de jarros e relógios a edifícios inteiros que simplesmente evaporam, deixando os moradores nus e mortos no terreno vazio. Ao final se descobre que os objetos rebeldes eram os verdadeiros humanos, convertidos em coisas pela sociedade rigidamente consumista:

"Foi então que do bosque saíram todos os homens e mulheres que ali tinham se escondido desde que a revolta começara, desde o primeiro oumi desaparecido. E um deles disse:
— Agora é preciso reconstruir tudo.
E uma mulher disse:
— Não tínhamos outro remédio, quando as coisas éramos nós. Não voltarão os homens a ser postos no lugar das coisas."

Neste conto, a cidade vai perdendo suas partes. Todas as suas materialidades, aos poucos, somem. Uma porta não precisa ser aberta, pois ali só está presente o vazio. Uma escada não se sobe nem se desce, porque não há pavimento superior, e, se tal tivesse, não existiriam mais degraus para subir. Uma calçada já não se diferencia do meio da rua, pois tudo é uma coisa só, um grande vazio. "As ruas não aparentavam grandes prejuízos, mas notava-se, na cidade, uma geral deterioração, como se alguém tivesse andado a tirar pedacinhos aqui e além, como fazem aos bolos as crianças..." (1998, p. 87)

A cidade de Saramago, paulatinamente, se desmaterializa, transformando-se em puro vazio. Não há mais espaço, só luz.
Onde antes havia espaço construído, agora, só o espaço do vazio.
Uma vez compreendido o ponto a partir do qual o autor fala, nos voltamos para os outros contos e percebemos que, de um modo ou de outro, são todos presididos por essa revolta dos objetos, homens coisificados, contra seus exploradores.

Os Lusíadas - Canto IV - "O Velho"

Este episódio insere-se na narrativa feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde. No momento em que a armada do Gama está prestes a largar de Lisboa para a grande viagem, uma figura destaca-se da multidão e levanta a voz, para condenar a expedição.
O texto é constituído por duas partes: a apresentação da personagem feita pelo narrador (est. 94) e o discurso do Velho do Restelo (est. 95 a 104). A caracterização destaca a idade (“velho”), o aspecto respeitável (“aspeito venerando”), a atitude de descontentamento (“meneando / Três vezes a cabeça, descontente”), a voz solene e audível (“A voz pesada um pouco alevantando”), e a sabedoria resultante da experiência de vida (“Cum saber só de experiências feito”; “experto peito”).
Não foi certamente por acaso que Camões optou por esta figura e não outra. A figura do Velho do Restelo ressuma uma autoridade, uma respeitabilidade, que lhe permitem falar e ser ouvido sem contestação. As suas palavras têm o peso da idade e da experiência que daí resulta. E a autoridade provém exactamente dessa vivida e longa experiência.
No seu discurso é possível identificar três partes.
Na primeira (est. 95-97), condena o envolvimento do país na aventura dos descobrimentos, a que se refere de forma claramente negativa (“vã cobiça”, “vaidade”, “fraudulento gosto”, “dina de infames vitupérios”). Denuncia de forma inequívoca o carácter ilusório das justificações de carácter heróico que eram apresentadas para esse empreendimento (“Fama”, “honra”, “Chamam-te ilustre, chamam-te subida”, “Chamam-te Fama e Glória soberana”), sendo certo que tudo isso são apenas “nomes com quem se o povo néscio engana”. E apresenta um rol extenso de consequências negativas dessa aventura: mortes, perigos tormentas, crueldades, desamparo das famílias, adultérios, empobrecimento material e destruição. Esta primeira parte é introduzida por uma série de apóstrofes (“Ó glória de mandar”, “ó vã cobiça”. “Ó fraudulento gosto”), com as quais revela que o que ele condena é de facto a ambição desmedida do ser humano, neste caso materializada na expansão ultramarina. O sentimento de exaltada indignação manifesta-se, sobretudo, pela utilização insistente de exclamações e interrogações retóricas.
A segunda parte abrande as estrofes 98 a 101. É introduzida por uma nova apóstrofe, desta vez dirigida, não a um sentimento, mas aos próprios seres humanos (“ó tu, gèração daquele insano”). Se na primeira parte manifestou a sua oposição às aventuras insensatas que lançam o ser humano na inquietação e no sofrimento, agora propõe uma alternativa menos má, sugerindo que a ambição seja canalizada para um objectivo mais próximo — o Norte de África. A estância 99 é toda ela preenchida com orações subordinadas concessivas, anaforicamente introduzidas por “já que”, antecedendo a sua proposta de forma reiterada e cobrindo todas as variantes dessa ambição: religiosa (“Se tu pola [Lei] de Cristo só pelejas?”), material (“Se terras e riquezas mais desejas?”), militar (“Se queres por vitórias ser louvado?”). E aproveita para apresentar novas consequências maléficas da expansão marítima: fortalecimento do inimigo tradicional (“Deixas criar às portas o inimigo”), despovoamento e enfraquecimento do reino. E mais uma vez recorre às interrogações retóricas como recurso estilístico dominante.
Vem depois a terceira parte (est. 102-104). O poeta recorda figuras míticas do passado, que, de certo modo, representam casos paradigmáticos de ambição, com consequências dramáticas. Começa por condenar o inventor da navegação à vela — “o primeiro que, no mundo, / Nas ondas vela pôs em seco lenho!”. Faz depois referência a Prometeu, que, segundo a mitologia grega, teria criado a espécie humana, dando assim origem a todas as desgraças consequentes — “Fogo que o mundo em armas acendeu, / Em mortes, em desonras (grande engano!”. Logo a seguir, narra os casos de Faetonte e Ícaro, que, pela sua ambição, foram punidos. E os quatro versos finais da fala do Velho do Restelo sintetizam bem esse desejo desmedido de ultrapassar os limites:

"Nenhum cometimento alto e nefando
Por fogo, ferro, água, calma e frio,
Deixa intentado a humana gèração.
Mísera sorte! Estranha condição!"

O sonho

"Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela
só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas
que passam por suas vidas."


Clarice Lispector
"Nada como um bom copo de veneno pra molhar a boca."